BRASIL DA COPA
Ao pedir a vinte e quatro artistas que retratassem o Brasil, não estávamos falando de futebol, de bolas e afins, mas sim do Brasil em todas as suas formas, inclusive nos esportes, se quisessem, mas não era o mote principal. O resultado não poderia ter sido mais abrangente do que as obras apresentadas, o país visto e retratado diferentemente por cada um, com técnicas e visões variadas, visto do lado cultural.
Retratar o Brasil de hoje não é tarefa fácil, existem muitas visões do país, a política, a urbana, a cultural, a ecológica e muitos temas, mas nem sempre foi assim. Quando o país era pequeno em histórias, os poucos acontecimentos já viravam arte. Em 1637 o Brasil foi retratado por Albert Eckhout em “A Dança dos Tapuias”. Em 1888 Pedro Américo fez o óleo sobre tela, “O Grito”, a pedido da Família Real Brasileira. Em 1861 “A primeira missa” foi assinada por Victor Meirelles, obra onde os índios eram ao mesmo tempo espectadores e personagens.
Nos dias de hoje os artistas tem mais ousadia, mais técnicas, mais temas a serem explorados. E é essa diversidade que podemos ver na mostra que abrange vários aspectos do Brasil e da arte em si, como telas e esculturas nem sempre tradicionais em suas posturas ou suportes. A variedade das abordagens artísticas nos mostra como está o lado patriótico de cada um e nos permite sentir como a arte foi feita, através de suas mensagens lúdicas ou moldadas, durante os quatro meses que os artistas tiveram desde o convite para participar da mostra até a entrega das obras.
A exposição dá ênfase às obras de Élon Brasil, que por sua experiência em meio aos índios pôde transportar uma parte do Amazonas em telas bem lapidadas, assim como Victor Meirelles em 1861. Enquanto os artistas convidados apresentam uma ou duas obras sobre o tema, Élon apresenta mais de uma dezena de trabalhos, mostrando o lado humano e folclórico de um Brasil que ainda vive escondido de nossos olhos.
O Brasil da Copa permite uma avaliação justa e atual do que o artista brasileiro pode fazer no que diz respeito ao seu próprio mundo, ao seu próprio país.
Sonia Skroski - maio 2014