Construções pinturas e objetos de Fernando Durão

Fui ver no espaço cultural Blue Life a exposição Construções de Fernando Durão. As 18 obras expostas permitem leitura que mostra os caminhos que o artista, hoje com 59 anos, percorreu de 1986 a 2006.
Pode-se perguntar, 18 pinturas e objetos são suficientes para tal leitura? Não é pouco, insuficiente? Afinal trata-se de 20 anos de trabalho.

Respondo que aqui o número pequeno de obras é mais do que suficiente. Fernando Durão não é um pintor de muitas telas, de gestos amplos, verborrágico, de gritos e berros pictóricos. Não! Suas pinturas, seus objetos, estão mais para música de câmara do que para heavy rock.

Parcimônia e discrição caracterizam seu trabalho. Não conhecia os objetos de Durão. Surpreenderam-me. Fogem em gênero e grau do universo construtivista em que ele movimenta-se na pintura.
Enquanto nessa o rigor formal e pictórico domina, naquele isso não acontece.
No objeto Durão às vezes se dá a liberdade de propor ao fruidor participação lúdica, ao mesmo tempo em que às vezes, apela ao bom humor.

A impressão que esses objetos me dão é de que são pausas para a descontração. Momentos em que o artista para e deixa ao léu sua imaginação e criatividade. Divaga.
No árido deserto do construtivismo é o oásis, sombra e água fresca. Sem ser a Coca-Cola, é a pausa que refresca.
Enquanto as pinturas mantêm o discurso nos limites rígidos da construção elaborada e asséptica, os objetos não obedecem tais parâmetros. São pesos e medidas diferentes.

No que me diz respeito, o contraste entre ambos é o ponto alto desta pequena exposição que se revela grande à medida que apela à nossa razão e à nossa jovialidade.
A curadoria de Construções é de Lílian Heitor. A mostra permanece em exibição até 9 de dezembro. Informações: 11 38849084
Carlos von Schmidt 26 de novembro 2006