Cultura e Vinho

Illustração da TIME por Jonathan Burton
Illustração da TIME por Jonathan Burton

 

Le Figaro de hoje, terça-feira, 4, trouxe dois artigos que me chamaram à atenção. O primeiro, “Non, la Culture française n’est pas morte!, Não, a cultura francesa não está morta!” escrito por Maurice Druon da Académie francaise, responde artigo publicado na edição européia da Time. 

A revista americana considera a cultura francesa morta e enterrada. O segundo, menos pessimista, “Le Clos des Papes, meilleur vin du monde”, “O Clos dos Papas, melhor vinho do mundo”, publicado em outra revista dos Estados Unidos, a respeitada The Wine Spectador, proclama em alto e bom som, que o melhor tinto do mundo é francês e é um châteauneuf-du-pape, safra de 2005: Le Clos des Pape

Druon rebate a Time dizendo que não é a primeira vez que os Estados Unidos, tomados por febre anti-francesa atacam a douce France. A cada quatro, cinco anos, isso acontece. Como nas outras vezes, um poderoso orgão da imprensa norte-americana se encarrega de comunicar ao universo que a cultura na França morreu. Dessa vez coube a Time o funeral. Trouxe na capa “The Death of French Culture”. “A Morte da Cultura Francesa:”. 

Irônico Druon comenta que o artigo é inconsistente, sem pé nem cabeça. Que o autor confunde cultura e diversão. Não sabe distinguir a diferença que existe entre Proust, Monet, Piaf e Truffault. Sarcástico comenta que a cultura neste momento está morta por que no momento não tem celebridades do gabarito dos mencionados. 

Para ele o ataque é ”pérfido” por que o tom é de lamentação. Coitada da França! Pobre França! “Setecentos e vinte e sete romances foram publicados até recentemente, os teatros líricos, seus músicos, dançarinos, são mantidos a peso de ouro, Os teatros são subvencionados, Estabelecimentos culturais mantidos. Tudo isso para nada. O que os franceses querem é cinema americano”. 

Concluindo Druon dirigi-se ao autor do artigo, mister Donald Morrison dizendo-lhe que deveria fazer uma visita ao Collège de France ou às universidades francesas para se interar das “idées” que circulam que influenciarão as “artes de amanhã”.
Termina dizendo: “Inculta América! Ia gritar. Mas não. Os Estados Unidos contam com muitos pesquisadores, eruditos, pensadores, criadores do mais alto nível. Apenas não escrevem na Time”.

O artigo sobre o vinho informa sobre a região, a Borgogne sobre o vinicultor, Paul-Vicent Avril. O Clos des Papes está esgotado. Não há mais nenhuma garrafa. Antes de ser considerado o melhor vinho tinto do mundo, antes de ser engarrafado, já estava vendido. Irá para trinta e cinco países.

Lembro-me da última vez que os Estados Unidos “investiram contra à França”, por ocasião da guerra com o Iraque e passaram a boicotar seus produtos, em New York muito vinho francês foi jogado na sarjeta.

Esse destino o Clos des Papes jamais terá. 

São Paulo 4 12 07 19:55 posted by Carlos von Schmidt 

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