Marcelo Grassmann sem título 2002 coleção particular
Desenho extrato de nogueira 35 x 50 cm

 

O artista de São Simão não contava trinta e tantos anos já havia que partiu, em 1953, em busca de informações no maior acervo de gravuras do mundo, o Gabinete da Academia Albertina de Viena. Sua produção posterior e os trabalhos da década de 60 já seriam suficientes para situar o artista entre os principais gravadores brasileiros, ao lado de Goeldi, Lívio Abramo e Evandro Carlos Jardim. Parênteses: mas, diferente desses colegas. Grassmann pode figurar no alto de qualquer relação que se aventure nomear herdeiros para os efeitos de luz da gravura de Rembrandt, muito embora o paulista destaque figuras e fundo e enriqueça seu imaginário medieval com ousadias de tratamento modernista dignas de Picasso. Fecha parênteses.

Mas após os profícuos anos 60, Grassmann mergulhou em absoluta dedicação no traçado de matrizes de cobre, técnica que parece converter seus praticantes em membros de uma espécie de confraria mística, tamanha a concentração envolvida. As sutis variações que esse doutor na filosofia da gravura vem acrescentando de maneira constante assemelham o conjunto de sua obra ao traçado sinuoso de um grande rio que, visto à distância, parece imóvel, mas sob um olhar mais demorado e nos diversos quadrantes do dia, revela-se miríade de movimentos. Gravura feita de luz solar na figura da mulher onipresente e, em polaridade oposta, de sombria densidade materializada em uma legião de cavaleiros e demônios, alçados do vazio da morte.

Alvaro Machado
Texto para o convite da exposição:
Marcelo Grassmann "desenhos e gravuras"
Escritório de Arte: Augusta 664

Marcelo Grassmann sem título 1999 coleção particular
Desenho extrato de nogueira 35 x 50 cm




Marcelo Grassmann sem título 2002 coleção particular
Desenho extrato de nogueira 33 x 50 cm



Marcelo Grassmann sem título 1998 coleção particular
Desenho extrato de nogueira 40 x 54 cm