Os Pixels de Alessandra Busanelli

No Espaço Cultural Banco Central, Alessandra Busanelli está apresentando a exposição A Arte do Pixel. Arte que dispensa os suportes tradicionais substituindo-os pela informática. Hoje o Espaço Cultural Banco Central mostra o que há de mais revolucionário nas artes plásticas. Não deixe de ver.

A arte do Pixel
Em junho do ano passado pela primeira vez vi trabalhos de Alessandra Busanelli. Imagens com muitas cores e retículas criadas e trabalhadas no computador, ampliadas e impressas em acetato.
O contraste entre as áreas de cor e as outras era enorme. Os vermelhos, os amarelos, os verdes, destacavam-se. Durante dias pude observar esses acetatos de tamanhos vários, nas paredes de minha sala de trabalho. Foi graças a essa observação demorada, integrada naturalmente ao meu espaço, que as imagens de Busanelli passaram a fazer parte do meu dia-a-dia.
Montadas em placas de acrílico ou de vidro chamavam a atenção. Sem molduras, protegidas pelas placas, mantidas a distância por parafusos de aço de uma polegada ou mais, as imagens sobressaiam na parede branca.
Despertavam curiosidade e interesse. As pessoas queriam saber que tipo de arte era aquela. Quem era o artista?

Primeiro dizia que não era o artista. Era a artista. Alessandra Busanelli. De Jundiaí. Depois falava da computer art, arte criada através do computador. Dapixel art. Um tipo de arte digital a partir do uso do pixel. O pixel é um ponto. Milhões de pixels fazem uma linha. Linhas compõem imagens. Basicamente é isso.
Ao optar pelo computador, Bussanelli ignorou os suportes tradicionais, papel, tela, chapas metálicas, litos e xilos. Tintas, pastéis, pincéis, buris, ficaram de lado. O computador, hardware passou a ser o suporte.
A técnica, o fazer encontrou no software, “conjunto de programas, métodos, regras e documentação relacionados com o funcionamento e manejo de um sistema de dados”, seu meio de expressão.

As imagens foram criadas a partir de pixels. Executadas com scanners, plotters e transfers. Aqui, toque, textura, transparência e outros termos da crítica tradicional, não têm vez.
Estamos em outro universo. Do digito, do bite, do dot. Embora a linguagem seja outra, os valores fundamentais de uma obra de arte, não mudam.
Alessandra sabe. Sua arte pixel deixa isso claro. Ao focalizar a Torre Eiffel, O Empire State Building, O Moulin Rouge, O British Museum, a Opera House de Sidney e outras vistas conhecidas, o enfoque foi um.
Nessas imagens as cores primárias, chapadas, foram valorizadas ao máximo. Em Arabescos e Mandalas e Ladrilhos Hidráulicos, foi outro.
Tanto o espaço quanto a fabulação diferem em gênero, número e grau das coloridas paisagens urbanas. O conceito é outro. As cores, reduzidas a tonalidades de marrom e preto, obedecem à nova palheta. O espaço é estruturado sob novo ângulo. Abre-se um novo horizonte. Amplo, infinito.
É nessa direção que Alessandra Bussanelli vai. Com sua pixel art. Contemporânea. De agora. Novíssima.
São Paulo, 19 de dezembro de 2007
Carlos von Schmidt
Curador e crítico de arte