Salon de la Societé Nationale des Beaux-Arts 2010 Delegação Brasileira
O primeiro Salão da Societé Nationale des Beaux-Arts, sob o poder da Academia de Belas Artes de Paris aconteceu em 1725, na Cour Carré do Museu do Louvre. Quase três séculos mais tarde o Salão apresenta suas pinturas, esculturas e gravuras sob o triângulo da pirâmide, no Carrousel do Louvre, na Sala Le Nôtre.
Neste salão anual uma dezena de delegações estrangeiras como o Brasil, Canadá, China, Coréia, Japão, Turquia, Estados Unidos e outras, revelam, no coração de Paris, as atividades artísticas do momento em todos os continentes.
O Salão da SNBA acontece sempre no mês de dezembro e mostra várias facetas das artes plásticas. Da pintura a óleo às técnicas mistas, da gravura em papel passando pela tapeçaria e a escultura.
Desde que cheguei de viagem não escrevi nada sobre as traquinagens artísticas que experimentei nestes quase 3 meses entre o mar e a terra.
Na verdade o mote da viagem foi a participação no Salon Nacional de Beaux Arts que foi realizado no Carrousel do Louvre, entre dias 16 e 19 de dezembro de 2010.
Quando saí do Brasil, em 18 de novembro, já havíamos enviado todo o material para coordenação do Salão. Mas o catálogo brasileiro ainda estava embrionário. No navio traduzi os currículos dos artistas enquanto ainda trocava mensagens com os artistas participantes da Off Bienal 4 que estava finalizando.
Neno Ramos, curador da Delegação Brasileira 2 juntamente comigo, fez de um plano que havia traçado com Carlos von Schmidt, criador da OFF BIENAL, uma realidade. 12 dos artistas escolhidos participaram da Off Bienal 4 que ficou aberta ao público de 26 de outubro a 27 de novembro de 2010, além de mais 7 artistas selecionados por Neno.
A noite do vernissage foi um sucesso enorme. Os corredores da mostra estavam repletos de pessoas que procuravam uma empatia com as obras expostas em todos os espaços.
O Salon da SNBA – Société National des Beaux-Arts é um grande salão de artes que conta com a presença de artistas de todo o mundo. São artistas associados à SNBA ou convidados por eles.
Os artistas selecionados este ano para representar a Delegação Brasileira são destaque no mercado nacional de artes e foram escolhidos pela qualidade técnica e representatividade coletiva.
Pintura: Nu Barreto, Paulo Cabral, Sônia Campos, Tânia Corsini, Fernanda Eva, Alejandro Laprovitta, Waldemar Maramgoní, Antônio Peticov, Cláudio Takita, Duda Rosa, Neno Ramos, Alberto Pezzan e André Vasarhelyi.
Escultura: Ronaldo Calixto, Cris Campana, Odete Figueiredo, Israel Macedo, Marcelo Neves e Caciporé Torres.
O artista brasileiro André Vasarhelyi recebeu o prêmio de Menção Honrosa e a Delegação Brasileira 2, o prêmio de destaque das Delegações estrangeiras.
Na noite de abertura da mostra, os corredores do Salon tornam-se local de encontro entre artistas, curadores e galeristas de várias partes do mundo e proporciona a todos a oportunidade de expor seus trabalhos e conhecer o que se faz no mundo das artes, hoje. A troca de informações e de contatos é uma abertura de portas e janelas para o mundo das artes.
Sonia Skroski - 19 de março de 2011
Os artistas e suas obras
Nu Barreto Pa Liberdadi óleo s/ tela
Vive em Paris desde 1989. Seu forte é o desenho. Suas temáticas envolvem, sempre, o caráter social. Possui um grafismo muito peculiar. Nas poucas obras que conheço, utiliza poucas cores, mas sempre fortes, precisas e, dependendo do tema, chocantes. Trabalho forte.
Paulo Cabral Afrodite óleo s/tela
Usando como tema central a figura feminina em vários momentos e tempos, desenvolve texturas e nuances precisas. Domina bem a técnica da luz e da sombra, que determina contraste peculiar em sua obra.
Sônia Campos Alas das baianas no carnaval do Rio óleo s/ tela
Sonia tem um traço impressionista que realça as cores leves. Retrata momentos do Brasil em pinceladas suaves, porém marcantes. Na verdade chega ao figurativo através de traços abstratos.
Tânia Corsini Lago no caminho óleo s/ tela
Sinto-me confortável em falar sobre a obra de Tania Corsini. A profundidade de seu trabalho demonstra um surrealismo geométrico e ao mesmo tempo suave e natural. A perspectiva é seu forte que deixa nosso olhar brincar com a superfície.
Alejandro Laprovitta Papoula de E. Mary Acrílica s/ tela
Laprovitta retrata suas flores com tanta delicadeza que a suavidade transparece. Seus traços são gestuais e firmes. Gosto muito dos fundos escuros que deixam as flores claras saltarem da tela.
Maramgoní São Paulo Cena Urbana I óleo s/ tela
Suas telas apresentam cores fortes e marcantes assim como os traços. Para um auto-didata a precisão de seu desenho é incrível. Trabalha temas da cidade no início do século 20 e nos dias de hoje. Um artista maduro.
Antônio Peticov Cataratas do Iguaçu Pastel a óleo sobre tela
Artista consagrado no mundo inteiro que fala através das cores. Pessoalmente me identifico com toda sua obra desde os anos 60. Sinto-me em casa quando olho um trabalho deste artista genial. Inconfundível!
Cláudio Takita Inflorescência Acrílica s/ Tela
A obra de Takita é um misto do ocidente com o oriente em pinceladas criativas e temas mesclados. Gosto do lado das cores pastéis que, de uma forma diferente, sobressaem às cores fortes. Porque o desenho é bom e marcante. Utiliza sobreposições de uma forma muito interessante.
Duda Rosa Nebulosa Técnica mista
Duda brinca com o movimento. Tem quem goste e tem quem não consiga fixar os olhos, então não gosta. Eu gosto do resultado e de sua pesquisa. Trabalha com figuras geométricas alinhadas que realçam o dinamismo do olhar em movimento.
Neno Ramos A namorada francesa de Roy Machetaria de acrílico
Artista que reinventa temas através de recortes acrílicos e aplicação de recortes sobre outros recortes. Criador lúdico, Neno projeta em cada obra a marca de uma incansável pesquisa de materiais e resultados, reinventando a Pop-Art. Um achado marcante.
Alberto Pezzan Lilases em França óleo s/ tela
Pezzan traduz em sua obra a delicadeza da natureza e a força das cores puras. Através de pinceladas singelas demonstra uma sensibilidade ímpar.
André Vasarhelyi AV 611 Técnica mista s/ tela
Premiado no SNBA de 2010, Vasarhelyi trabalha o geométrico com cores fortes e desenhos marcantes. Apesar de precisas, suas formas têm transparências sutis que transformam sua obra em composições singulares.
Ronaldo Calixto Pétalas Bronze
Calixto trabalha o bronze e a resina. Na resina faz pesquisa de pigmentos para encontrar a cor ideal. Começou a trabalhar com formas figurativas e logo depois abraçou o abstrato. Tem formas fortes. A passagem das linhas é suave e o toque é agradável.
Cris Campana Jardim suspenso Técnica mista
Artista que circula entre várias linguagens, sempre em busca de algo novo. Trabalha com fotos, pinturas, esculturas e outras “brincadeiras”. Nesta mostra apresentou obra feita em fios delicados de cobre em redomas de acrílico. Parecem sonhos ou pequenas vivências congeladas no tempo e embaladas para presentear a memória. Gosto muito desta fase.
Odete Figueiredo Gares Bronze polido
Trabalha com bronze e resina. Chama sua obra de arte orgânica. Na escultura trabalhas as figuras longas. As “dobras” de suas imagens são fortes e, ao mesmo tempo, suaves.
Israel Macedo O Bipolar Bronze polido
Foi uma surpresa encontrar este artista espirituoso que brinca com suas esculturas e as faz falar, de uma certa maneira. Seus temas são expressivos e cheios de emoções. A moldagem de suas “brincadeiras” são irregularmente precisas.
Marcelo Neves Eterna Diva Bronze polido e patinado
Marcelo descobriu o volume ideal para as suas esculturas. Sempre com temas bem humorados, desenvolve no barro as formas do corpo humano, com movimentos leves e detalhes sempre em destaque.
Caciporé Torres Fortaleza Aço inox com solda
Um dos artistas mais brilhantes do nosso tempo. Obras marcantes e sólidas. Foi premiado na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951. Uma fortaleza da arte brasileira!