Warhol falso

1 de maio de 1965
Polvorosa entre colecionadores, museus e galerias. The Andy Warhol Foundation, a fundação que gere tudo que diz respeito a Andy Warhol está criando a maior confusão ao declarar falsas várias obras produzidas no ateliê de Manhattan.
Não é novidade e o mundo todo sabia que Warhol nunca deu a menor importância ao original, ao exemplar único, ao fazer artístico individual.
Para ele, a obra de arte era um produto. Idealizado por ele, assinado por ele, mas produzido não importa por quem. Era importante que fosse bem acabado. Bem feito.

© The Andy Warhol Foundation
Não foi por acaso que denominou Factory seus ateliês.
Nessas Factories, seus assistentes produziam suas pinturas utilizando técnicas de reprodução como a serigrafia, reproduzindo um original centena de vezes. Às vezes sobre papel. Outras sobre tela.
Essas pinturas em acrílica eram vendidas a peso de ouro. Saiam da Factorydiretas para colecionadores, museus e galerias. Eram originais de Andy Warhol. Ninguém, enquanto Warhol viveu, questionou.

© The Andy Warhol Foundation
Hoje, de acordo com a nova postura da fundação, 15% da produção de Warhol não vale nada. São cópias.
Artigos publicados nos jornais Independent on Sunday e Sunday Telegraphcriaram a maior celeuma.
No mínimo indecente, a posição da fundação deve mascarar jogada de mercado duvidosa. Se houve alguém que sempre rejeitou a idéia de original e cópia e seguiu as pegadas de Ford produzindo pintura em série e em massa, foi Andy. Portanto...
Jornais noticiam que pelo menos 20 dos colecionadores que investiram milhares de dólares em Warhol, processarão a fundação.
Não é para menos se considerarmos que uma Sopa Campbell foi arrematada em leilão por R$ 48 milhões e uma Marilyn Monroe por R$ 53 milhões.
O que Warhol pensaria disso tudo? Na certa cairia de pau na fundação que tem seu nome. Com toda razão.
Carlos von Schmidt
São Paulo, 15 de novembro de 2003 11 horas 41